Sunday, February 25, 2007

A necessidade de “armar uma peixeirada”

Apesar de muito tentar, ainda não consegui entender em pleno a necessidade que o povinho português tem de, sempre que pode, armar uma escandaleira. Se não entendia até há dois dias atrás, agora muito menos.

Aconteceu-me uma peripécia ontem à tarde, igual a tantas outras que milhares de portugueses já experimentaram, de certeza, pelo menos uma vez. Passo a contar.

Existe uma garagem que se encontra desocupada e para arrendar há já alguns meses por baixo da minha casa. Como falei com o proprietário no início deste mês (para comprar a dita) sabia que não estava ocupada. Por isso, quando não arranjava lugar para estacionar, estacionava à porta da garagem (como tanta gente aqui na rua).

No entanto, a garagem foi arrendada na sexta-feira e eu não sabendo estacionei, como sempre, o meu lindo carrinho às duas da manhã. No Sábado às 2 da tarde ouço um apitar insistente na rua e pensei “Mais um palhaço a impedir a entrada de uma garagem!”. Mal eu sabia que não era um palhaço, mas sim uma palhaça encantadora = moi même.

Quando uma vizinha muito atenciosa (à qual aproveito para agradecer mais uma vez, mas em público) me veio avisar que o meu lindo carrinho estava a estorvar uma senhora, corri apressada para reparar o meu erro. Chego lá em baixo e “desfaço-me” em desculpas. A mulher, surda à minhas desculpas, desata aos berros para quem quisesse ouvir! E eu, mais uma vez digo: “ Peço imensa desculpa! A senhora tem toda a razão! Não volta a acontecer! Só aconteceu porque a garagem estava desocupada! Bla bla bla…” E a mulher sempre aos berros juntamente com o pai que, por ser progenitor e lhe correr o mesmo sangue nas veias, também berrava a bons pulmões.

Chegado o meu limite (que por norma não fica muito longínquo) tive de partir a loiça e berrar uma só vez “Você vai parar de berrar como uma histérica e ouvir-me?!” E lá continuei em tom suave e um pouco prepotente (devo confessar) “Já lhe pedi desculpa e admiti o meu erro (já sei o que estão a pensar… “impossível”) que mais é que você quer?!”.

É claro que a mulher continuou a gritar, desta vez sem a ajuda do pai, que lá teve um ataque de bom senso e viu que não chegariam a lugar nenhum. “A senhora não pode tirar daí o carro porque já chamei a polícia!” Ah ah ah! Big fuckin’ deal!!!! Pensei eu. Queria ter-lhe respondido: “Really?! Watch me…” mas não o fiz. Em vez disso respondi-lhe: “ A senhora não quer sair? Então tenho de tirar o carro, certo? Se não já tinha saído! Eu já volto e falo com a polícia, não se preocupe!” Fui estacionar o carro na minha garagm e a mulher lá ficou especada à minha espera durante dez minutos.

Não apareci… já sei! Agi mal… mas já me penitenciei o suficiente. Não me arrependo! Talvez só um pouquinho… A polícia nem chegou a aparecer… A mulher parou o carro em frente à garagem e não saiu… Não tenho porque ter a consciência pesada!!! Mas quem me conhece realmente sabe que estou a morder-me por dentro pelo facto de não ter voltado lá.

Sejam piedosos e animem-me. Não me condenem… Não vocês!!! E especialmente, NÃO GRITEM!

A necessidade que os portugueses têm de exercer o poder quando tem oportunidade é absolutamente inexplicável. A não ser pela falta de bom senso que reina por terras lusas.

2 Comments:

At 7:40 pm, February 28, 2007 , Blogger Magal said...

Não vejo o que condenar. Erraste, admitiste e ainda tiveste a coragem de partilhar.

Beijinhos muitos, corajosa MU!

Ps: Às vezes basta-me olhar para "essa necessidade de exercer o poder mal tenham oportunidade" como uma fraqueza e desequilíbrio interior, para sentir a situação de outra forma. Mas, às vezes, não é nada fácil!

 
At 10:27 pm, March 08, 2007 , Anonymous Anonymous said...

então????
Isso da véspera de testes está muito demorada!!!! Quase há um mês que não escreves nada! Então isto não era para ser uma vez por semana??? NUM TO A BER NADA!!!

 

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